Após analisar as informações publicadas no Jornal Valor em 14/06/2023 sobre as versões da Demonstração de Resultados consolidada da Americanas S.A. para o ano de 2021, apresentadas durante o depoimento do atual CEO, Sr. Leonardo Coelho, na audiência pública da CPI, verificou-se que existem diferenças entre essas versões e outras duas informações disponíveis no mercado, conforme mostrado na coluna 3 e 4 do quadro 2.
É importante ressaltar que não estamos abordando os valores relacionados à fraude que é tema da CPI, uma vez que essa demonstração é anterior e refere-se ao ano de 2021. Além disso, não estamos comparando as informações de 2022, pois ainda não foram publicadas pela Americanas.
Nosso foco é o nível de transparência e equidade das informações divulgadas pela Americanas em relação às informações recebidas pelo Conselho de Administração.
O quadro 2 tem como objetivo demonstrar as diferentes perspectivas das informações apresentadas pela Americanas, ou seja, a visão interna da empresa, a visão do conselho apresentada publicamente na CPI e na reportagem do Jornal Valor em 14/06/2023, a versão publicada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a versão proforma disponibilizada no anúncio de resultados do 4º trimestre de 2021.
Destaca-se que, com exceção do valor das Receitas Brutas, todos os demais valores mencionados no quadro 2 são distintos.
Identificamos no quadro 1 abaixo o resumo dos principais indicadores que demonstram as diferenças:
Diante disso, surge a pergunta: é plausível acreditar que um conselho de administração de uma empresa registrada no Novo Mercado da B3 possa receber e aceitar informações divergentes daquelas publicadas pela empresa no mercado, sem questionar?
Além disso, é importante considerar a responsabilidade dos administradores da empresa e dos conselheiros em relação às informações contraditórias.
Onde estavam os conselheiros para exercer seu papel de “guardiões dos princípios, valores, objeto social e sistema de governança da organização, sendo seu principal componente”? Conforme destacado no Caderno 18 do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) sobre o Monitoramento do Desempenho Empresarial, página 17, de 2017, cabe ao Conselho de Administração, além de decidir os rumos estratégicos do negócio, monitorar a diretoria e atuar como elo entre esta e os acionistas, sempre em benefício da organização.
Essa situação revela uma falta de comprometimento dos conselheiros com a qualidade das informações utilizadas para a gestão do negócio, caracterizando um total descaso com suas responsabilidades.