Houve um aumento até 2015, seguido de uma queda até 2018, com uma retomada em 2020 ao nível de 2016. Em 2021, houve um crescimento de 14% em relação ao maior nível anterior registrado em 2015, chegando a R$ 31 bilhões.
Entretanto, após 2019, o comportamento das margens se torna incerto, caindo brutalmente a margem líquida, chegando a 0,9% em 2021. Mesmo em uma análise simples, percebe-se uma evolução na perda da qualidade dos resultados. A destruição de valor vem ocorrendo.
A tabela A demonstra o desempenho histórico em moeda nominal das principais contas que compõem a DRE da Americanas Consolidado de 2012 até o 3° trimestre de 2022.
Ao analisar os valores em moeda nominal, constata-se um crescimento da Receita Líquida (1.1) até 2016. Após isso, ocorrem decréscimos em 2017 e 2018, voltando a crescer a partir de 2019.
O Lucro Bruto (1.2) cresce em todos os anos até 2021, sugerindo aumento nos níveis de precificação dos produtos, enquanto o Lucro Operacional (1.3) aumenta até 2019, diminuindo 32% em 2020 e sofrendo uma queda acentuada de 47% em 2021, demonstrando gastos desproporcionais da gestão.
Por outro lado, o EBITDA (1.4) cresce e mantém-se em torno de R$ 2,6 bilhões até 2018, alcançando o pico em 2019 devido à adoção do IFRS 16. No entanto, ele não se sustenta, apresentando uma queda expressiva a partir de 2020, chegando ao patamar de R$ 2,7 bilhões em 2021.
O Lucro Líquido (1.5) decresce cerca de 50% a 60% após 2014, retornando a crescer a partir de 2018 e 2019, mas sofrendo uma queda acentuada em 2020 e 2021.
A atualização dos valores das demonstrações financeiras pelo impacto da inflação ainda é um tema que merece atenção no Brasil. Utilizou-se os indicadores medidos pelo IPCA, já que de 2012 a 2021 a variação da inflação foi de 92%. Essa atualização histórica traz os valores em análise para uma mesma base de comparação, tornando-os comparáveis com uma expressão efetiva do real crescimento ou evolução.
A análise dos valores em moeda constante é demonstrada na Tabela B, revelando o comportamento efetivo dos valores.
É evidente que a realidade difere significativamente quando os valores da DRE são atualizados para moeda constante. No que diz respeito às receitas (item 2.1), observa-se um crescimento até 2015, atingindo o valor de R$ 25 bilhões. A partir de 2016, houve uma queda, retornando ao nível de 2020. Em 2021, as receitas superaram o seu maior nível de 2015, alcançando R$ 31 bilhões.
Observa-se que demais itens da DRE apresentam comportamentos distintos. Notavelmente, o Lucro Operacional (2.3) cresce, oscila e diminuiu para um nível nos últimos dois anos não observado no histórico nominal antes, com uma queda de 40% apenas no último ano.
Em relação ao EBITDA (2.4) cresce, oscila e em 2021, ele retornou aos níveis de 2013, lembrando que há o impacto favorável pela adoção do IFRS 16.
O Lucro Líquido (2.5) com comportamento instável teve uma redução expressiva, retornando em 2021 ao menor patamar histórico, semelhante ao comportamento observado em 2016.
Por sua vez, a Tabela C resume o comportamento histórico das margens. A Margem Bruta (3.1) apresentou um comportamento próximo de 30% até 2016, crescendo para 36,4% em 2019 e retornando ao patamar de 2017 em 2021, com 31,6%.
A Margem Operacional (3.2) manteve-se em torno de 11% até 2019, sofrendo uma queda significativa nos últimos dois anos, caindo para 3,4% em 2021, indicando sinais evidentes de perda de eficiência operacional pela gestão.
Por outro lado, a Margem EBITDA (3.3) mostrou um crescimento, atingindo 20,5% em 2019 (com um aumento adicional devido à adoção do IFRS 16), mas depois sofreu uma queda de mais de 10 pontos percentuais, encerrando 2021 com 10,1%.
A Margem Líquida (3.4) demonstra um padrão de desempenho baixo. Ela oscila e sofre reduções ao longo do tempo, voltando a crescer a partir de 2018 e atingindo o melhor patamar histórico alcançado no ano de 2012 em 2019. No entanto, ela não conseguiu sustentar, houve uma expressiva queda em 2020, e em 2021 ela atingiu o menor nível histórico, de apenas 0,9%. Demonstra uma perda relevante na qualidade dos resultados, gerando preocupação em relação aos resultados futuros da empresa. A destruição de valor e riqueza é significativa.